...... Fanfiction - Como Num Sonho-Cap. 5

Ohayou Gozaimasu
(おはよう ございます) 
Bom Dia!!
  
 
Mais um capítulo da Fanfiction "Como Num Sonho" acabou de sair!
Aproveite o sábado !
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Como Num Sonho

Sinopse:
Ele sempre estava lá, sempre olhando para o mar tortuoso, sempre de costas para mim, sempre nas sombras, só me era permitido ver seu perfil. Ele apenas ficava lá, parado, apenas seus cabelos se moviam ao vento. Eu não sabia quem ele era, eu não conhecia seu rosto, mas de alguma maneira indecifrável, eu o amava.

Classificação: +16
Categorias: Naruto
Gêneros: Amizade, Darkfic
Avisos: Álcool, Heterossexualidade
Personagens: Hyuuga Hanabi, Hyuuga Hiashi, Hyuuga Hinata, Uchiha Itachi, Uchiha Madara, Uchiha Sasuke, Uzumaki Naruto.

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Para você que quer ler os primeiros capítulos, basta clicar nos banners abaixo, logo depois ler as instruções: 






Instruções
Algumas fanfictions tem personagens de diversos mangás e animes misturados, outros apenas do mesmo autor.
Cada fanfiction vai vir com informações gerais sobre idade, classificação, autor e afins.
A cada Fanfiction terminada, iniciaremos outra pra mantermos sempre os sábados com histórias, ok?

Aproveitem a leitura! ^^,  

________________Capítulo 5 _______________
"por Uchiha Sasuke: trabalho de biologia"

Estava escuro. Um pouco frio... não importava, não conseguia parar de sorrir ao lembrar dela, do modo como ela corava toda vez que seu pai fazia menção de falar sobre casamento e a vida pessoal dela. Ela era incrível. Linda, decidida, gentil, sincera... Não era do tipo que precisava preencher cada silencio com tagarelice como as outras garotas... Hinata era do tipo perfeita, eu não hesitaria em ficar com ela se não fosse por minha consideração com Naruto e meu respeito a ela, ao que ela sentia.        No que eu estava pensando? Não hesitaria? Eu tinha que parar com isso. Hinata não era pra mim. ‘Quem é então? Haruno Sakura?’ uma voz na minha cabeça perguntou sarcasticamente. Não. Sakura era só uma garota comum, tão profunda quanto uma poça de água. O que eu queria dela era distancia, mas ao pensar nela, era impossível não me lembrar daquele dia...
       Eu estava sentado na praça em frente a um lugar chamado Noon’s, era um dia bonito, claro e azul... Isso me irritava profundamente. O dia devia estar coberto de nuvens, devia haver uma tempestade cheia de relâmpagos, devia estar ventando, o mundo devia estar de luto, mas não estava, só eu me importava com esse dia...
       Há dez anos atrás, eu havia chegado em casa e encontrado sangue nas paredes... todas elas, cobertas de sangue fresco. Havia um corpo esparramado perto da escada para o segundo andar, cheio de sangue também... Havia sangue em todos os lugares, mas aquele corpo parecia ter lutado muito para chegar onde chegou. Ouvi um barulho alto vindo da cozinha e um grito agudo de um homem. De repente minha mãe veio correndo para mim, seus lábios tinham um corte profundo e ela parecia ter batido a cabeça com força em algo pontudo porque seu cabelo, antes negro como o meu, estava vermelho de sangue. Eu fiquei ali, parado, como se estivesse preso numa câmera lenta... As coisas se tornaram confusas e embaçadas; um homem veio correndo atrás dela com uma arma nas mãos e uma faca na barriga. Okaasan gritou meu nome e se atirou em cima de mim. Eu vi nos olhos dela quando a vida a deixou.
       Foi Itachi quem me salvou. Dois tiros no peito do assassino, com a arma que carregava sempre consigo. Mas era tarde demais, eles estavam mortos.
       Sakura tinha me despertado dessas lembranças ao me abraçar de surpresa naquele dia. Me beijando depois. Um beijo que eu não correspondi. Estava triste demais... Cansado demais... E o remorso por não ter morrido naquele dia ainda me consumia.
       ‘Sasuke, o que há com você?’ ela perguntara. Eu não respondi imediatamente, mas achei que ela tinha o direito de saber... ‘Faz dez anos, hoje...’. A maneira como ela olhou para mim, confusa, me irritou. Ela era minha namorada, tinha que saber o que era. ‘Não sabe?’ perguntei decepcionado. Ela pensou por um momento antes de responder e então ergueu as sobrancelhas ‘Ah, é isso’ dissera ela. O pouco caso na sua voz me irritou mais ainda e eu a afastei de mim um pouco e decidi ficar em silencio, ou ela ouviria coisas que não desejava. Era melhor ficar quieto. ‘Sasuke-kun, vai haver uma festa hoje e...’ ela ia dizendo, mas a interrompi: ‘Eu não vou’. ‘Por que não?’ era uma pergunta obvia. ‘Meus pais morreram neste dia a dez anos’ eu precisava ser mais direto? Ela me olhou como se eu fosse louco, mas logo essa expressão foi substituída por uma de desafio. ‘Vou sozinha então.’ Eu dei de ombros e não respondi, não me importava realmente, se ela não tivesse a consideração que deveria ter, então ela não era o tipo que eu procurava. ‘Você não se importa nem um pouco?’ ela perguntou chorosa. Desviei os olhos e não respondi, eu parecia me importar? Ela se levantou brava. ‘Haverá garotos...’ Ela queria mesmo tocar nesse assunto? Me levantei suspirando. ‘Nesse caso, melhor terminarmos.’ propus. Ela pareceu surpresa e seus olhos se encheram de água tão rápido quanto podiam ‘P-por que esta dizendo isso S-sasuke-kun? V-você n-não me a-ama m-a-ais?’ Quase senti pena dela. ‘Você mesma insinuou que poderia não ser fiel...’ Eu a lembrei. ‘Eu disse aquilo só...’ ‘Pra me irritar, não é?’ completei. Suas lágrimas começaram a escorrer. Suspirei. ‘Sakura... Acho melhor assim, acho melhor sermos apenas colegas’ eu disse deixando-a com um beijo na testa e indo embora.
       Nunca mais nos falamos, bem, não mais do que a cordialidade exigia. Era mais fácil assim... pra mim, e pra ela. No fundo, eu sentia falta da sensação dos seus lábios nos meus e da alegria que ela trazia, mas era melhor assim. Eu tinha feito a escolha certa e eu não voltaria atrás.

       Parei em frente ao prédio onde eu morava, num bairro de classe média e suspirei. Era bem diferente da mansão de onde eu tinha vindo, mas eu não tinha do que reclamar, ter uma casa grande, e um belo carro esportivo era só um símbolo de poder, não tínhamos motivo pra chamar atenção dessa maneira. Itachi liderava a empresa porque gostava disso, guardava todo o dinheiro e o investia em parte nos seus caprichos, por isso tinha uma bela TV de plasma com o ultimo modelo de vídeo game no seu quarto, isso fora todo o conforto que tínhamos e que era ocultado pela bagunça do apartamento. Eu gostava daquele modo de viver... Sem reuniões de negocio super entediantes... Sem ter que bancar o certinho... sem pressão... Apenas eu, Itachi e agora, Naruto...
       Abri a porta sem me preocupar em fazer silencio. Itachi tinha o sono pesado e Naruto... Eu tinha certeza de que ele estava acordado.
       - São 10 horas! - ele reclamou enquanto eu fechava a porta.
       Pelo tom dele eu podia dizer que estava morrendo de ciúmes.
       - Desculpe, mãe. – eu disse indo me jogar na outra ponta do sofá que ele ocupava.
       Ouvi o barulho de alguém batendo nas paredes no corredor e logo Itachi apareceu com a cara toda amassada e um sorriso malicioso.
       - E então Sasuke? Como foi com a garota? – ele insinuou indo para a cozinha.
       Eu o ouvi revirando a geladeira e batendo as portas do armário.
       - Nada de mais...
       - São 10 horas... Ficou lá até agora e não aconteceu nada? – ele apareceu encostado na soleira da porta com um copo de água.
       - Fiquei conversando com o pai dela. – ergui uma sobrancelha.
       - Ahhh, então já conheceu o pai dela? Esse é um jogo perigoso... – Ele me aconselhou tomando um grande gole.
       Revirei os olhos e me levantei.
       - Sério, não devo satisfações a vocês, – decidi indo pro meu quarto ignorando os protestos deles.
       - Heeei, é claro que me deve satisfação! Sou seu irmão mais velho... enquanto for eu quem pôr a comida na mesa...
       - Cala a boca. – ouvi Naruto dizer em tom de riso.
       - Você se esquecem de que eu sou o responsável aqui...
       Sorri para mim mesmo e revirei os olhos. Meu irmão era um folgado. Tudo o que ele fazia era pagar as contas. Não me deixava trabalhar com ele, eu achava que era só pra ele poder jogar aquele papo de ‘Eu pago suas contas’ pra cima de mim, mas não importava e não importava para ele também, tudo o que ele exigia de mim era que minhas notas ficassem ao menos na média. Esse era o acordo. Só isso. Não tínhamos nenhuma outra regra, eu podia sair e chegar na hora que bem entendesse, e fazer o que bem entendesse também, mas eu sabia, eu arcaria com as conseqüências de tudo que eu fizesse.
       Itachi e eu tivemos uma conversa sobre isso uma única vez, um mês depois dos nossos pais morrerem. ‘Faça o que quiser’ ele tinha dito, sério ‘Use drogas, fume, fique viciado em jogos, tenha relações sexuais com quem quiser, raspe a cabeça e piche muros... O que você desejar, mas saiba que eu não vou me responsabilizar por erros assim. Sou seu irmão, não Pai, não espere amor paterno de mim porque ficará decepcionado. E eu também não vou te ajudar a cometer seus erros, como dar dinheiro pra pagar suas dividas em jogos ou pra comprar drogas, por exemplo...’ Todo esse papo era um pouco pesado pra uma criança de sete anos, mas ele não se importava, talvez nem tivesse pensado na possibilidade de que eu não o entendia. ‘Se quiser ficar comigo, vai ter que concordar com o que te disse’ ele concluiu seriamente depois do seu discurso. Me lembro de não ter entendido bem, mas ao ver a confusão no meu rosto ele disse ‘Se não quiser ficar comigo, outras pessoas vão cuidar de você até que cresça o suficiente pra cuidar de si mesmo.’ Ele franziu  cenho ‘E então Sasuke? O que vai ser? Eu, ou um estranho?’ Basicamente, essa era a parte que entendi e eu não queria ficar longe da única pessoa com quem tinha um laço sanguíneo e agora, que eu entendia, tinha certeza de que Itachi também não queria me deixar nas mãos de estranhos, éramos a única família um do outro, se perdêssemos um ao outro não restaria nada, então, inconsciente de todas essas verdades, eu aceitei suas condições.
       Itachi nunca foi um bom guardião. Mas eu tinha me acostumado. Nos primeiros dias, eu chorava, com saudade dos nossos pais e sentia falta do conforto da mansão. Itachi trouxe luxo aos poucos para o apartamento minúsculo, um luxo simples e, segundo ele, necessário, mas nunca me consolou. De certa forma isso tinha me feito ser mais forte, mais reservado, isso era bom para nós. E agora, com 17 anos, apesar de sentir falta do carinho da minha mãe e do olhar de orgulho do meu pai, eu estava satisfeito com o rumo que a minha vida tinha seguido.
       - Hei, Sasuke? – Naruto colocou a cabeça para dentro do meu quarto escuro permitindo que um pouco de luz entrasse pela porta entreaberta.
       Não me movi nenhum centímetro para olhar pra ele. Estava bem ali, deitado de barriga pra cima com os braços cruzados atrás da cabeça, olhando fixamente para o teto.
       - Sobre Hinata... – ele entrou quando não respondi.
       Suspirei.
       - Eu não a beijei, se é o que te perturba. – eu disse unindo as sobrancelhas.
       De repente uma cena se formou na minha cabeça... Eu e Hinata... Não! Tentei afastar esse pensamento, era um pensamento idiota, eu não estava interessado nela e muito menos ela em mim.
       Naruto pareceu aliviado com a minha resposta.
       - E como foi a tarde com ela? – ele perguntou tentando parecer indiferente.
       - Normal. – dei de ombros.
       - Hm – ele resmungou.
       Sabia que ele queria algo mais completo, mas eu não estava afim de falar sobre isso.
       - Ela não falou de você. – eu disse como se fosse um detalhe.
       - Vocês conversaram sobre o que? – ele insistiu.
       Suspirei.
       - Sobre nada... Nem fizemos o trabalho... Fiquei falando com o pai dela...
       - Sobre o que? – ele pareceu levemente irritado.
       Ele também tinha ciúmes do pai dela?
       - Negócios. – eu disse num tom que deixava explicito que eu não falaria mais.
       Ele suspirou e saiu em direção ao seu próprio quarto.
       Agradeci por isso e fechei os olhos esperando o sono vir.

__x__

       Estávamos na frente do portão da casa dela, estava escuro, ventando, Hinata se virou para mim corando levemente.
       - Me desculpe por isso... – ela disse baixo
       - Tudo bem, Hinata, é normal para um pai, ele quer o que ele acha que é o melhor para você... – sorri para ela tentando parecer gentil – Mal sabe ele que eu moro num bairro de classe média. – ri baixo imaginando como ele reagiria...
       - Sasuke-kun... eu...
       É claro que eu sabia o que ela diria.
       - É claro que eu sei que você não gosta de mim, Hinata-san. – revirei os olhos. – E não vou pedi-la em casamento só para tomar o lugar de seu pai nos negócios... – garanti a ela. – não sou esse tipo de pessoa.
       - Não quis dizer isso... – Ela corou se aproximando com uma expressão serena que me fez ficar um pouco preocupado com o rumo que aquilo iria tomar.
       Me aproximei também, ignorando a parte do meu cérebro que me lembrava de que aquilo era a coisa errada a se fazer. Vi ela fechar os olhos quando nossos corpos se encostaram e eu fechei os meus quando os meus lábios tocaram os dela. Era a melhor sensação que eu havia sentido desde o inicio da minha vida. Era como se ela trouxesse de volta o que há muito tempo me tinham tirado. Era como finalmente ter paz, como finalmente, me perdoar... E quando seus lábios se abriram nos meus e eu a puxei para mim com a mão atrás da sua cabeça, ela suspirou baixinho e então, não havia mais dor, não havia solidão. Eu estava no paraíso e ela era o meu anjo. Era só isso que importava.

___x___

       Acordei com o barulho da droga do despertador. Me esforcei para abrir os olhos e ver que horas eram... 7 hrs, a casa estava silenciosa, Itachi só acordaria as 8 ou 9 hrs para ir trabalhar, eu podia ouvi-lo roncando no quarto da frente...
       Deixei cair o despertador e resmunguei um palavrão enquanto me virava para o outro lado na cama. Tinha tido um sonho bom... Não conseguia me lembrar... Olhei para a parede tentando me lembrar qual tinha sido o sonho... Foi aí que a lembrança veio à tona e me deixou paralisado. Hinata...? No que eu estava pensando? Beijá-la... Aquela sensação do sonho...
       Afundei meu rosto no travesseiro envergonhado de mim mesmo. Como eu podia sonhar uma coisa dessas? Meu melhor amigo estava gostando daquela garota, eu não podia ficar tendo sonhos assim com ela... Eu... Eu não gostava de Hinata... não daquele jeito, não, não eu, nunca. Além do mais, Naruto gostava dela, ele era meu melhor amigo, e eu não era do tipo que fura o olho do melhor amigo.

       As lembranças do sonho me atormentaram por todo o tempo depois disso, e desejei jamais ter me lembrado daquele maldito sonho. Mas aquela sensação... ‘Melhor não pensar nisso’ me aconselhei.
       Suspirei derrotado, não conseguiria dormir mais com aquilo me atormentando. Precisava me distrair... Quem sabe Naruto não estaria afim de dar umas voltas... ir ao fliperama... Uma voz no fundo da minha mente me lembrou de que não podia... Tinha um compromisso... Hinata! Bati na minha própria testa. Iríamos terminar aquele trabalho... Como eu ia olhar pra ela depois daquele sonho?
       Suspirei. Não tinha escolha. Fui para a cozinha e para minha surpresa encontrei Itachi tomando um café da manhã improvisado só de bermuda enquanto lia uma revista.
       - Ta acordado? – estranhei.
       - Faz um tempo... – ele deu de ombros – Tava faminto... – ele deu uma grande mordida no seu lanche.
       Me joguei na cadeira em frente a dele.
       - Vou com você pra empresa hoje... – avisei.
       - Fazer o que? – ele perguntou desinteressado
       - Um trabalho... Vamos ter que passar na casa da minha colega...
       - Oh, aquela de ontem? – ele se interessou.
       - É.
       - Legal. – ele disse voltando a se concentrar na revista.
       Me levantei e fui para o meu quarto e depois para o banheiro. Tomei um banho, escovei os dentes e troquei de roupa, quando terminei, Itachi já estava esperando por mim na sala. Ele estava usando calças e camisa social, devia ter colocado a camisa para dentro da calça e uma gravata, mas isso não fazia o estilo dele.
       - Vai assim? – ele fez uma careta apontando pra mim.
       Eu estava usando uma calça preta, All stars e uma camiseta preta.
       - Qual o problema?
       - Parece um emo.
       Revirei os olhos.
       - All star não é um jeito de dizer ‘sou emo’
       - Não. Mas a sua cara e as roupas pretas... – ele disse fechando a porta depois que sai.
       Dei de ombros.
       - Eu não me importo com o que podem pensar.
       - Esse é meu maninho! – Ele deu tapinhas nas minhas costas enquanto descíamos as escadas para o estacionamento.
       Itachi e eu seguimos para o velho mustang preto reluzente, um chevy impala de 67, tratava o carro como se fosse sua namorada. Talvez fosse esse o motivo por ele não ter uma. Já estava apaixonado.
       - Não bate a porta! – ele gemeu quando a fechei.
       - É só um carro! – reclamei.
       - Heei! Não é só um carro uú, é O carro, O meu carro. – ele disse – E não se atreva a colocar os pés imundos no bando – ele me avisou antes de dar a partida.
       Respirei fundo, lutando contra o intuito de desobedecer as suas regras estúpidas, mas se o fizesse, eu não teria mais onde dormir. Sabia disso. Entre mim e o carro, ele ficaria com o carro.
       Expliquei o caminho, dizendo onde ele deveria virar e ele apenas seguiu as instruções cautelosamente.
       - É aqui? – ele perguntou quando paramos em frente à mansão Hyuuga.
       - É...
       - Ela é tão rica assim?
       - Tanto quanto nós – arqueei uma sobrancelha.
       - Nós não temos uma mansão e um Mercedes CLS – ele me lembrou.
       - Porque você não quer se desfazer dessa lata velha – eu disse abrindo a porta do carro e saindo para apertar o interfone.
       - Meu carro é um impala 67 em perfeitas condições e eu não o trocaria por uma coisa como aquela – ele apontou o Mercedes.
       Revirei os olhos.
       - Posso ajudar? – uma voz feminina desconhecida me atendeu
       - hm, eu vim buscar Hyuuga Hinata... tínhamos combinado fazer um trabalho...
       - Já vou chamá-la senhor – ela me interrompeu. – Poderia informar seu nome, por favor?
       - Uchiha Sasuke – eu disse.
       - Só um instante.
       Esperei alguns minutos olhando a mansão, tentando ver algum sinal de movimento lá dentro, mas era como se a casa estivesse vazia.
       - Senhor? – a voz voltou – A Senhorita Hinata já esta a caminho.
       - Arigatou gozaimasu. – agradeci educadamente e me postei perto do carro para esperá-la
       - Não ouse encostar no carro! – Itachi quase gritou – Se arranhar a pintura...
       Mas o portão se abriu e ele foi interrompido.
       Hinata vinha andando a passo largos, com um sorriso nos lábios, um sorriso tentador...
        - Ohayou Sasuke-kun – Hinata me saudou com um beijo no rosto.
       Eu apenas sorri rapidamente para ela, meio sem-graça pelo gesto que me despertou a lembrança do sonho.
       Acenei educadamente para Hiashi-sama que acompanhava tudo de longe e entrei no carro.
       - Sasuke não-
       Itachi gemeu quando bati a porta. Depois respirou fundo e nós partimos.
       - E então Hinata? Faz tempo, né? – Itachi sorriu.
       - Vocês se conhecem? – perguntei.
       - Naruto levou ela pra almoçar em casa um dia desses... – ele deu de ombros e depois sorriu – Agora entendo a hostilidade dele com você...
       - Hostilidade? – Hinata pareceu surpresa.
       - Ah, ele ficou meio chateado porque o Sasuke passou o dia com você...
       - Com meu pai na verdade. – ela corrigiu.
       - Como se isso fosse muito diferente... – Itachi revirou os olhos.
       - Meu pai gosta do Sasuke-kun. – Ela comentou.
       - Estranho. – Itachi fez uma careta.
       - Por que é estranho? – Hinata perguntou
       - Bem, Sasuke não é do tipo que fala muito.
       - Ele é educado... vem de uma família nobre... isso basta para meu pai. – ela explicou
       Senti uma pontada de desapontamento. Então eu era só isso? Rico e educado?
       Suspirei e permaneci em silencio enquanto eles continuavam falando de mim como se eu não estivesse ali.


       Itachi estacionou cuidadosamente na vaga com a plaquinha: ‘Uchiha Itachi-sama’, notei que o espaço reservado para seu carro era, na verdade, a junção de duas vagas e franzi o cenho.
       - Você tem direito a duas vagas para o seu único carro? – perguntei meio incrédulo.
       Ele deu de ombros.
       - Sou o chefe, faço o que quiser – ele disse simplesmente – Alias, assim, não corro o risco de ter arranhões na pintura... também contratei uns guardas para tomarem conta do estacionamento... Sabe como é? Às vezes aparece um pirralho e...
       - Entendi. – interrompi.
       Cuidar do estacionamento, dizia ele, cuidar do imapala, dizia eu.
       Abri a porta e levantei o banco para Hinata.
       Itachi conferiu se o carro estava trancado duas vezes antes de irmos para o prédio. Eu desconfiava de que ele estava começando a ficar paranóico. 
       Meu irmão nos deixou no terceiro andar onde mantinha os computadores e subiu para o andar onde sua sala ficava.

       Nós não conversamos muito durante a pesquisa, apenas pequenos comentários sobre o trabalho. Ao meio dia já tínhamos terminado tudo.
       Meu celular tocou.
       - Sasuke? Terminou o trabalho? – Itachi perguntou.
       - Terminei.
       - Leve Hinata para almoçar, a cantina lá em baixo tem uma comida excelente. – ele disse – Chama o Naruto pra almoçar com vocês também, deve estar morrendo de fome... – aconselhou.
       - Ok, ja ne – eu disse antes de desligar.
       Disquei o numero do celular do Naruto.
       - Alô? – ele respondeu sonolento depois de cinco toques.
       - Ta afim de almoçar com agente hoje?
       - Onde você ta? – ele perguntou.
       - Trabalho do Itachi...
       - Longe demais... – ele resmungou.
       - Você tem uma moto... – arqueei uma sobrancelha.
       - Eu tenho preguiça também... – ele argumentou.
       Suspirei.
       - Ok. Você quem sabe... ja ne – desliguei
       É claro que eu havia tido o cuidado de não mencionar Hinata. Se fizesse isso, ele viria correndo e eu teria que ficar tomando conta do casal apaixonado. O que não fazia parte dos meus planos... Ao menos, eu tentei me convencer de que esse era o motivo.
       - Ele não quis vir então? – Hinata perguntou.
       - hm, não, aliás, você deve estar com fome...
       Ela corou um pouco.
       - Que foi? – perguntei.
       - hm... eu... eu... eu estou meio... ‘despreparada’...
       Sorri por causa da expressão dela.
       - É por minha conta, Hinata...
       Ela apertou os lábios, indecisa.
       Revirei os olhos.
       - Hinata, meu irmão é o dono desse lugar... – eu lembrei a ela.
       Ela assentiu ainda envergonhada e nós tomamos o elevador.

       - Peça o que quiser. – eu disse a ela quando nos sentamos no restaurante do lugar.
       Ela sorriu grata e olhou o menu. Quando ela parecia decidida chamei uma garçonete.
       - Uchiha Sasuke-sama, é um prazer vê-lo por aqui... – a garçonete disse com um sorriso. Seus olhos verdes me lembravam um pouco Sakura.
       - Hinata? Esta pronta para pedir? – perguntei desviando os olhos da garçonete.
       Fizemos nossos pedidos e a garota dos olhos verdes se foi.
       Hinata a observou se afastando e então olhou para mim com aqueles olhos perolados cheios de uma doçura que eu não conhecia.
       - Estranho Naruto recusar um convite para almoçar... – ela comentou sem olhar para mim.
       Dei de ombros.
       - Ele fez isso porque não mencionei você... – confessei.
       Ela me encarou com um leve sorriso.
       - Porque não mencionou que eu estaria presente? – ela inclinou a cabeça levemente com curiosidade.
       - Eu não estava afim de ‘ficar de vela’...
       - ‘Ficar de vela’? – ela uniu as sobrancelhas
       - É.
       - Por quê?
       - Bem... Ele gosta de você... você gosta dele...
       - Não é bem assim... – ela corou desviando os olhos para o outro lado.
       - Explique – implorei.
       Isso não era do meu feitio.
       - Eu não pretendo namorar Uzumaki Naruto – ela disse me olhando nos olhos.
       - Já tem alguém em mente? – perguntei com um ar inocente – Espero que seu pai goste dele...
       - Hm, é complicado... – ela se recostou na cadeira perdida em pensamentos.
       - Eu não tenho dificuldades com coisas complicadas. – insisti.
       Isso também não era do meu feitio.
       Ela sorriu.
       - É claro, afinal, você é o primeiro da classe, não é? – ela mudou de assunto
       Me recostei na cadeira e não respondi, a garçonete colocou os pratos diante de nós e se foi depois de conferir se precisávamos de mais alguma coisa.
       Eu fiquei encarando meu prato, meditando sobre minha curiosidade repentina... Debatendo se devia ou não insistir naquele assunto. A minha curiosidade venceu.
       - Hinata...
       - Ele não é... hm... Como posso dizer... – ela me interrompeu – Bem, digamos apenas que eu não o conheço bem, ainda. – ela franziu o cenho.
       - O garoto de quem você gosta? – perguntei mantendo um tom casual.
       - Sim.
       - Eu conheço? – perguntei.
       Ela sorriu.
       - Nem eu o conheço... – disse num tom lamentoso.
       - O que quer dizer, exatamente?
       Ela suspirou.
       - Me prometa que não vai achar que sou uma louca?
       Arqueei uma sobrancelha.
       - É tão terrível assim? – olhei para ela, ainda estava esperando que eu prometesse. – Prometo. – eu disse.
       - Esse garoto... Eu sonho com ele há algum tempo... e... bem, ele só existe nos meus sonhos. – ela confessou e corou um pouco.
       Houve um momento de silencio em que nós apenas comemos.
       Eu estava considerando o que ela disse. Digerindo aquilo.
       - Só existe nos seus sonhos? – conferi.
       Ela assentiu.
       - Nunca vejo o rosto dele, nunca falo com ele...
       - E esta apaixonada? – perguntei um pouco incrédulo.
       - Sei que pareço maluca... – ela baixou os olhos para seu prato.
       Dei de ombros.
       - Só é estranho... Pode ser qualquer um... qualquer garoto que você conhece...
       Ela suspirou cansada.
       - Sei disso. Mas ninguém parece se encaixar nele...
       Eu não disse mais nada. Senti como se algo tivesse sido retirado de mim, algo que eu não sabia o que era... Mas que me fazia me sentir... vazio.

> fim do quinto capítulo       


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